Jovens são qualificados em bairro da capital

O projeto Comunidade que Protege, desenvolvido pelo Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Pe. Marcos Passerini (CDMP) em parceria com a Fundação Justiça e Paz se Abraçarão (FJPA) e apoio do Unicef, realizou no últimos meses, em parceria com o Instituto de Estudos Sociais e Terapias Integrativas (IESTI), Laboratórios de Comunicação nas áreas de Podcast, Cinema e Composição Musical com os jovens mobilizadores do projeto, que moram na macrorregião da Cidade Operária.

Os laboratórios foram divididos em seis encontros presenciais e online e tem como objetivo promover o processo educativo baseado na mediação de saberes envolvendo práticas de comunicação e ArteMídia para empoderar e fortalecer a voz, expressão, as denúncias e as narrativas dos jovens da comunidade, ampliando sua potência de multiplicação e articulação comunitária, bem como as redes de apoio e proteção contra a violência armada cotidiana.

A estudante Verônica Ayres, de 17 anos, moradora do bairro Geniparana, comenta que a participação no projeto e nos laboratórios contribui para o seu empoderamento e desenvolvimento por meio do aprendizado de novas habilidades e competências. “Então, os laboratórios são importantes pro meu empoderamento, eles fazem com que eu consiga me expressar melhor, aprender a melhorar meu desenvolvimento no trabalho em grupo, assim como aprender novas habilidades que eu vou levar de competências para minha vida”, declarou Verônica.

Para Nairan Garcês Maciel, de 26 anos, moradora da comunidade de Juçatuba, a participação nos laboratórios amplia a sua visão de mundo. “Através dos laboratórios de comunicação temos uma visão mais aberta em conseguir se impor, mostrar a nossa voz e encarar o mundo com uma nova forma”, comentou.

Os laboratórios possuem uma etapa educativa que é baseada na comunicação e ArteMidia, bem como na educação popular, incentivando criações de autoria dos jovens (episódios de podcast, sonoridades e cinema), para campanhas difusas. As criações que estão sendo elaboradas debatem temas das violências, esclarecem sobre direitos da infância e juventude e mecanismos de denúncia, luta e apoio àqueles que sofrem com essa situação.

Os laboratórios do Podcast Prestenção, Cinema e Composição Musical passam também por uma etapa de diálogo e pesquisa para a desnaturalização das várias formas de violência contra as juventudes; geram reflexões sobre os impactos, sentimentos, redes de afeto e proteção disponíveis para o enfrentamento da violência. A coordenadora de Educação do IESTI, Viviane Vazzi declara que com base na experiência e conhecimentos proporcionados pelos laboratórios os jovens aprendem a estruturar a comunicação difusa, a partir de roteiros, locuções, composições, criação de bloco com informações gerais de utilidade pública, roteiros de entrevistas humanizadas, captação de imagens respeitosas e acolhedoras, com valorização dos seres e criações artísticas.

“Os laboratórios têm um alcance difuso, amplo, para pessoas de diversas condições e idades da sociedade, expandindo suas mensagens por meio das mídias e do poder simbólico e sensorial da arte. O principal desse processo de troca de saberes é o fortalecimento das vozes, pensamentos, repertórios e linguagens dos jovens, valorizando o pensamento diverso sobre seus próprios tempos e desafios. Com isso, o debate sobre as questões sai das fórmulas e conceitos do senso comum e de gerações passadas, para convidar a sociedade para reflexões que ecoam e dialogam com outros jovens, a partir de uma problematização atualizada, empática, criativa, ética e contemporânea sobre as violências e sobre o futuro”, afirmou Viviane.

A coordenadora do projeto, Maria Ribeiro, que é do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Pe. Marcos Passerini (CDMP), avalia que os laboratórios de comunicação ampliam as ideias e formas de pensar dos jovens. “Avalio que a realização dos laboratórios de comunicação com os adolescentes e jovens contribui ampliando suas ideias e formas de se expressar entre eles, com outros adolescentes, com suas famílias, enfim, com os diversos públicos da sua convivência, por meio de uma nova metodologia de comunicação”, comentou Maria.

O lançamento dos produtos de comunicação – podcast, vídeo e composição musical – criados pelos jovens está previsto para o fim deste mês.

O Projeto

O Comunidade Que Protege é desenvolvido na macrorregião da Cidade Operária por ser um território conhecido pelos altos índices de violência e criminalidade, segundo dados do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), de janeiro a abril deste ano, foram registrados na capital maranhense 93 homicídios, destes 20 ocorreram no território da Cidade Operária. A iniciativa do projeto partiu do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e tem como foco o enfrentamento à violência letal e armada contra crianças, adolescentes e jovens, suas famílias e comunidades. Além da formação de lideranças jovens, que serão multiplicadores de direitos humanos e cultura de paz.

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